Idanha-a-Velha foi, em Época Romana, a capital de um vasto distrito administrativo (a ciuitas Igaeditanorum) englobando também terras hoje pertencentes a Espanha. Não se sabe ainda se teve uma ocupação proto-histórica ou se corresponderá a uma cidade romana fundada de raiz, no final do séc. I a.C. A inscrição de 16 a.C. que regista a oferta de um relógio (de sol) aos Igaeditani por um colono de Emerita revela que Igaedis seria capital de ciuitas no momento inicial da província da Lusitânia.
Idanha-a-Velha (Idanha-a-Nova), uma das doze Aldeias Históricas de Portugal, é o lugar central desta investigação.
A investigação proposta procura alargar a escala de intervenção de um projeto resultante de uma parceria entre a Universidade de Coimbra, a Universidade Nova de Lisboa, o Município de Idanha-a-Nova e a Direção Regional de Cultura do Centro. Centra-se no estudo da cidade antiga, do seu território e das suas populações, e projeta-se num quadro metodológico inovador, interdisciplinar e diacrónico: interdisciplinar porque articula diferentes investigadores/disciplinas, procurando uma visão integrada do passado; diacrónico porque se inscreve num tempo longo, desde a Época Romana (séc. I a.C.) à Idade Média (séc. XII).
O estudo do território será feito de forma sistémica, centrado nas estratégias de povoamento e exploração de recursos. Recorrer-se-á a abordagens interdisciplinares que incluem tanto o recurso aos SIG e à teledeteção, como a trabalho de campo. Os espaços funerários conhecidos permitirão estudar a origem da população sob uma perspetiva genética, analisando movimentos migratórios, como seja a chegada dos povos bárbaros. A extração e sequenciação de ADN será realizada no Australian Centre for Ancient DNA, constituindo esta abordagem também um exemplo da participação do projeto em redes de investigação internacionais. O estudo dos materiais arqueológicos será feito também mediante o recurso a procedimentos analíticos da química, da biologia e de outras ciências laboratoriais. Este projeto promove a colaboração interdisciplinar entre as Ciências Humanas e Sociais, mas também com as Ciências Naturais, combinando perspetivas teóricas e metodológicas desenvolvidas no campo da arqueologia com outras utilizadas na geografia, física, biologia e antropologia.