Ir à Escola com os Romanos

Queres saber mais sobre os romanos? Então vamos à escola com eles!

APRESENTAÇÃO

Idanha-a-Velha, onde hoje vivem cerca de 40 pessoas, é uma das doze Aldeias Históricas de Portugal. Está classificada como Monumento Nacional.

A atual aldeia noutro tempo foi cidade. Ao longo de mil e duzentos anos foi palco privilegiado da nossa história comum, palco de passagem de povos distintos, palco de confrontos e de encontros entre culturas diferentes.

Romanos, Suevos, Visigodos, Muçulmanos, Cristãos e Templários passaram por Idanha e deixaram as marcas da sua presença, da sua cultura. E são essas marcas, essa herança cultural excecional que, se estivermos atentos, ainda podemos observar nas ruas da atual aldeia, compreendendo assim a sua riquíssima história – que é também a nossa história.

Idanha dos Tempos Romanos

Há dois mil anos, em época romana, a aldeia de Idanha-a-Velha foi cidade e cidade capital de um vasto distrito administrativo: foi a capital da civitas Igaeditanorum. O seu território estendia-se desde o Tejo às serras da Gardunha e da Malcata, abarcando quase todo o atual distrito de Castelo Branco.

Igaedis, o nome provável da cidade romana, foi fundada no final do século primeiro antes de Cristo, nas margens do rio Ponsul. A cidade, localizada estrategicamente no trajeto de uma importante estrada que ligava Mérida (capital da província romana da Lusitânia) a Braga, e que fazia a travessia do Tejo na ponte de Alcântara, e do Erges na ponte de Segura, tornou-se a principal cidade romana entre o Tejo e o Douro, na atual Beira Interior.

A importância da cidade romana mostra-se em significativas construções, como a muralha e o templo do fórum, que resistiram ao desgaste provocado pelo tempo e pelos homens.

Outros edifícios públicos foram construídos na cidade, reveladores do modo de vida romano, mas também reflexo da importância da cidade: umas termas públicas, localizadas no lado sul da cidade, voltadas ao rio, e cuja escavação futura poderá tornar visitáveis; um provável anfiteatro, onde teriam lugar as famosas lutas de gladiadores, mas que ainda não foi descoberto.

O período romano no nosso país corresponde a quase 500 anos de história. Foi um tempo de profundas transformações. Uma nova língua, o latim, que está na origem da língua que hoje falamos; novas formas de construir, que passaram também pelo uso de novos materiais de construção, como as telhas e os tijolos ou o primeiro cimento; novos hábitos do quotidiano, como o banho nas termas; novos cultivos que se generalizam, como o da vinha ou da oliveira; ou uma primeira moeda, a moeda romana, que é uma moeda única e que circulava por todo o amplo mercado comum do Império; Roma transmitiu-nos também, por exemplo, as ideias de liberdade e cidadania; entre muitíssimas outras novidades que marcam esse tempo que está na origem do nosso.

Idanha-a-Velha foi uma das cidades do vasto Império Romano: um dos maiores impérios da antiguidade, que se estendia por três continentes, da Europa ao norte de África e ao Médio Oriente, abarcando, total ou parcialmente, cerca de 40 países atuais.

Cronologia de Idanha

Quais os Marcos Históricos deste local?

ATIVIDADES

Quais são as atividades que temos preparadas para ti?

Atividade Nº1

“Um dia na vida de um Igaeditanus...”

Esta figura representa uma possível reconstituição da cidade de Igaedis no período romano. Procura identificar nela espaços públicos que habitualmente eram encontrados nas cidades romanas e utiliza-os para contares uma pequena história sobre um dia na vida de um Igaeditanus.

Deves procurar identificar, no mínimo, 3 espaços, num texto com entre 150 e 250 palavras.

Introdução

As inscrições romanas podem auxiliar na compreensão de diversos aspetos da história de um povo. A partir da sua leitura e interpretação, é possível identificar diferentes aspetos da sua história ao nível da sociedade, economia, cultura e religião.

Nesse sentido, propomos-te que leias atentamente as informações sobre as diferentes epigrafes apresentas e procures nelas elementos que te ajudem a caracterizar Igaedis como um espaço imperial romano onde existe diversidade de recursos, povos e culturas, com uma economia típicamente romana e onde diferentes elementos podem mostrar a sua romanização.

A importância da cidade antiga também se revela através de um excecional conjunto de inscrições romanas: o mais numeroso em território português e um dos mais numerosos de toda a península ibérica, de toda a Hispânia romana.

Estas Inscrições datam dos séculos I e II e testemunham uma das muitas novidades desse tempo: a língua latina, escrita e falada, e das letras que hoje nos acompanham.

Muitas destas inscrições são funerárias. Assinalavam as sepulturas que ladeavam a estrada para lá da muralha. Nelas se pode ler o nome da pessoa sepultada, assim como a idade com que morreu e o nome da pessoa, quase sempre familiar próximo, que mandou gravar nessa lápide em pedra uma inscrição em memória do defunto.

As inscrições aqui apresentadas podem ser encontradas no website do projeto “Valete Vos Viatores” (as legendas e imagens são todas daí provenientes). Aí poderás também encontrar muitos outros exemplos de epigrafes que ajudam a conhecer a história romana na Península Ibérica.

Esta figura representa uma possível reconstituição da cidade de Igaedis no período romano. Procura identificar nela espaços públicos que habitualmente eram encontrados nas cidades romanas e utiliza-os para contares uma pequena história sobre um dia na vida de um Igaeditanus.

Deves procurar identificar, no mínimo, 3 espaços, num texto com entre 150 e 250 palavras.

Atividade Nº2

“Se eu fosse um historiador...”

01.

Inscrição do relógio da cidade (16 a.C.)

Inscrição datada de 16 a. C. regista a oferta solene de um relógio de sol aos Igaeditani, por um cidadão vindo de Mérida, recém-fundada capital da província romana da Lusitânia. Esta inscrição também revela que a hora da Idanha passa a ser doravante a hora de Roma, a hora do Império.

02.

Pedestal de homenagem a Gaio César (3-4 d.C.)

Dedicatória da cidade dos Igeditanos a Gaio César (20 a. C. – 4 d. C.), neto e, a partir de 17 a. C., filho adotivo de Augusto – é o primogénito de Marco Vipsânio Agripa e de Júlia, única filha do imperador. Trata-se de uma dedicatória coletiva da comunidade local, que nesta epígrafe regista oficialmente a sua designação de civitas Igaedit(orum). A adoção de Gaio César, bem como a do irmão Lúcio, visava a sucessão de Augusto, contudo ambos viriam a falecer antes do próprio imperador: em 4 e 2 d. C., respetivamente. 

03.

Epitáfio de C. Curius Firmanus (71-130 d. C.)

Conserva o epitáfio de um cidadão romano de uma das famílias importantes da cidade, mandado executar pela esposa, também para ela própria, ainda em vida. Para além de assegurar a lembrança de Gaio Cúrio Firmano, filho de Pulo e inscrito na tribo Quirina, que faleceu aos 63 anos, e de Cúria Vital, espelha bem o estatuto socioeconómico elevado que granjeou este casal. 

04.

Epitáfio de Iulia Varilla (71-130 d. C.)

Este pedestal suportou uma escultura doirada – da defunta, Júlia Varila, filha de Célere – como informa a dezena de linhas do texto, que se dispõe chegado à parte superior da face anterior da peça. A defunta pertenceu a uma das mais importantes famílias da civitas Igaedinatorum e foi o marido, Lúcio Júlio Modesto, inscrito na tribo Quirina, que se encarregou da homenagem fúnebre, com participação da sua sogra, que se responsabilizou pelo douramento do elemento escultórico. Demonstra o poder económico de algumas das famílias igeditanas e também a projeção da mulher na sociedade local. Para além da defunta e da mãe, também o avô materno e o pai ostentam nomes latinos, Sabino e Célere respetivamente, indiciando uma grande aculturação por parte desta família que terá raízes autóctones. 

05.

Ara dedicada a Marte (131-200 d.C.)

Constitui uma dedicatória ao deus Marte realizada por um liberto público da própria cidade dos Igeditanos, Flávio Ariston. Sabemos que este deus teve um templo na cidade, contruído através da ação munificente de Gaio Câncio Modestino, que igualmente patrocina um templo a Vénus, tendo, decerto, figurado ambos no fórum. 

06.

Epitáfio de um Interaniense (101-200 d. C.)

O texto indica que o monumento foi mandado levantar, em vida, por uma antiga escrava, Amena, liberta de Níger, para si e para o seu marido Vegeto, filho de Vegetino, de condição jurídica peregrina, quiçá já falecido. Este é um emigrante na civitas Igaeditanorum, pois é identificado como interaniense, ou seja, procedente de um território cívico lusitano distinto, o dos Interanienses.

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